Dívidas da empresa cearense passam de R$ 667 milhões
A Justiça do Ceará aceitou o pedido de recuperação judicial do grupo Ducoco. A fabricante de água de coco e outros produtos derivados da fruta, como leite, óleo e coco ralado, enfrenta uma crise financeira, com dívidas que passam de R$ 667 milhões a mil credores.
A decisão foi assinada nesta segunda-feira pelo juiz Daniel Carvalho Carneiro, da 3ª Vara Empresarial, de Recuperação de Empresas e de Falências do Ceará (TJCE).
Com a ação, ficam suspensas as ações judiciais contra a Ducoco Alimentos e a Ducoco Produtos Alimentícios, que formam o grupo empresaria. além disso, também ficam proibidos bloqueios judiciais ou extrajudiciais sobre os bens da companhia.
A empresa tem até 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial, sob risco de declaração de falência. A Ducoco foi procurada, mas ainda não respondeu.
Insumos mais caros e juros
Na ação, a companhia argumenta que os investimentos baseados na cessão de títulos de crédito passaram a ser insuficientes em 2023. O quadro levou a empresa a substituir os títulos por novas operações de financiamento.
A situação piorou, segundo a companhia, quando um dos fundos de investimentos comunicou que os títulos de crédito passariam a ser classificados como perda, “o que acabou impedindo que a empresa prosseguisse realizando cessões de seus títulos, prejudicando sobremaneira o seu fluxo de caixa”.
A saída escolhida pela Ducoco para captar recursos foi a emissão de títulos de dívida sem participação no capital da empresa e sem garantia real (debêntures simples, quirografárias, não conversíveis em ações). Mas os valores acabaram destinados ao pagamento de dívidas, e não a investimentos.
A Ducoco ainda argumenta que pesaram na crise financeira da companhia o aumento de preço de insumos e a elevação da taxa Selic, que teriam “prejudicado as relações de fomento da empresa, bem como prejudicado o fluxo de caixa necessário ao cumprimento das obrigações de curto e médio prazos, levando-as a recorrer aos benefícios da recuperação judicial”.
Fundada em 1982 a partir de uma plantação de cocos no interior do Ceará, a empresa tem hoje 966 funcionários nas fábricas de Itapipoca, no Ceara, e Linhares, no Espírito Santo, além do centro de distribuição e o escritório, na capital paulista.
Além da marca Ducoco, o grupo tem também no portfólio a marca Menina, comprada na década de 1990.