Endividada, empresa deve apresentar planejamento em março deste ano
Mais uma crise ameaça o fechamento de lojas de uma grande varejista no Brasil. Desta vez, é a Marisa, que está mapeando quais lojas fechará no país. O mapeamento deve ser apresentado em março deste ano, segundo o CEO da empresa, João Pinheiro Nogueira Batista, afirmou em entrevista ao “Valor Econômico” nesta semana.
A empresa, segundo ele, identificou que seu gargalo atual são custos operacionais altos demais, que deverão ser cortados. Neste mês, a Marisa anunciou a renúncia de seu presidente-executivo, Adalberto Pereira Santos, e anunciou a contratação de uma assessoria para auxiliá-la a negociar suas dívidas. A varejista deve R$ 566 milhões, segundo o último balanço divulgado, do terceiro trimestre de 2022. A dívida cresceu 8% em relação a 2021 devido ao aumento das despesas.
A crise da Marisa segue-se à de outras gigantes do varejo no Brasil, como a Americanas e a Tok&Stok. O economista especialista em mercado financeiro e renda variável, Gustavo Gomes, avalia que a raiz do problema das empresas é parecida. “Cinco anos atrás, a gente tinha um investimento muito alto nas empresas de varejo. Havia uma disponibilidade de capital muito mais fácil. E os juros eram muito menores. De lá pra cá essas dívidas começaram a ser cobradas e, com a alta dos juros, a gente vê que as margens ficaram cada vez mais apertadas. Então essa dívida fica cada vez mais cara e o lucro começa a diminuir”, explica.
Com as empresas em dificuldade financeira, os bancos enxergam maior dificuldade em receber as parcelas das dívidas e evitam renegociar com essas companhias. “É basicamente o que aconteceu com a Marisa. Os bancos estão vendo se tem alguma viabilidade, se a empresa vai realmente conseguir quitar suas dívidas. Eles pegaram alguns empréstimos e isso acaba abalando a confiabilidade dos bancos. E depois do que aconteceu com a Americanas, os bancos estão tomando uma posição defensiva e se protegendo cada vez mais”, acrescenta.