Bugre destaca fase de regularidade após venda do Brinco e aguarda deferimento de liminar pela Justiça para apresentar plano
Entre as definições em campo, com o Troféu Independência, e nos bastidores, com a eleição do novo presidente, o Guarani buscou na Justiça um alento para o futuro. O clube ingressou com um pedido de recuperação judicial no último dia 10 e o pedido será analisado pela juíza da 7ª Vara Cível de Campinas. O valor da ação sinaliza dívidas de R$ 59,2 milhões.
A ideia é reunir todos os credores em um único processo para permitir o gerenciamento do clube sem o orçamento afetado.
Caso a Justiça aceite o pedido, o clube terá prazo de 60 dias para apresentar o plano de recuperação, e durante 180 dias serão suspensas todas as ações e execuções contra o clube.
– Chegou a hora do clube enfrentar sua dívida, propor uma forma de pagar e encerrar seus débitos e iniciar o pagamento de seus impostos. O equilíbrio, a boa administração e a organização serão as principais jogadas nesta partida que se inicia hoje, perdurará por alguns anos, mas que terá um resultado muito positivo para o futuro. Esta é uma decisão que pensa no Guarani para daqui mais de 10 anos, talvez como há muito não se pensasse”, afirmou, via site oficial, o presidente Ricardo Moisés.
Estádio Brinco de Ouro; Guarani — Foto: Tomaz Marostegan / Guarani FC
O pedido
Em um documento de 45 páginas, o escritório de advocacia que representa o Bugre discorre sobre a legitimidade do pedido, já realizado por outros clubes brasileiros, e enaltece o papel do alviverde no cenário nacional para argumentar que o Guarani, apesar dos períodos de instabilidades vividos na virada do Século XXI, é viável.
– (…) o entendimento de preservação das atividades do devedor economicamente viável e a superação da sua crise econômico-financeira, com o intuito de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego e dos interesses dos credores (…) parece economicamente adequado ao propósito dos clubes de futebol em dificuldades, como o GUARANI FC (…)”, destaca trecho do pedido.
Ao elencar os momentos-chave pelo qual o clube passou nas últimas décadas, o pedido de recuperação judicial trata o atual período como o de “calmaria”, onde após concretizada a venda judicial do estádio Brinco de Ouro e o saneamento de parte das dívidas trabalhistas, o Guarani reequilibrou as contas, invertendo a espira de queda – foram nove rebaixamentos em 12 anos -, se solidificando na Série B do Campeonato Brasileiro e na Série A1 do Campeonato Paulista.
Ricardo Moisés, presidente do Guarani — Foto: Thomaz Marostegan/Guarani FC
Entre os pontos determinantes para as dívidas acumuladas, muitas delas por décadas, o clube defende esses períodos de instabilidades vividos por administrações passadas, mas também reserva um espaço para as dificuldades encontradas durante a pandemia da Covid-19, que afetou receitas com a suspensão de jogos.
– O GUARANI FC (apesar do momento oportuno ser o do plano de recuperação judicial) é altamente viável, e pode se recuperar, desde que seu passivo esteja equacionado através de um processo que, como diria o consagrado mestre Cássico Cavalli, não seja uma tragédia dos comuns, aonde todos gritam, “farinha pouca, meu pirão primeiro…”, cita trecho da proposta.
O pedido de recuperação já foi encaminhado à juíza responsável, e a decisão pela deferimento ou não da recuperação pode ocorrer a qualquer momento.