Em 2023, os pedidos de recuperação judicial feitos por proprietários rurais que atuam como pessoas físicas registraram alta no agronegócio brasileiro. Comparado a 2022, houve um crescimento de 535% no ano passado, aponta Serasa Experian.
Foram registradas 127 solicitações totais em 2023, com uma alta de 62% entre o terceiro e o quarto semestre. Confira o gráfico:
Segundo o estudo, a maior parte dos produtores rurais que solicitaram o recurso foram aqueles que tinham maiores áreas com plantio de soja. Em sequência, aqueles que possuem áreas de pastagem e, depois, de café.
Recuperação Judicial: O que diz o especialista?
Para Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, o quadro de expansão já era esperado, visto que existem fatores capazes de explicar a procura pela recuperação judicial nesse mercado.
“Quando relativizamos a quantidade de recuperações judiciais solicitadas versus as milhões de pessoas que exercem atividade ligada ao agro, o número de recuperações judiciais parece pequeno”, aponta.
No entanto, Pimenta aponta que a velocidade em que essas solicitações vêm crescendo trimestre a trimestre é preocupante. “Além das questões climáticas, que têm ocasionado as quedas de safra em diversas regiões e aumentado os desafios de manejo, o cenário econômico, tanto nacional como internacional, não contribuiu para a criação de uma estabilidade financeira no campo”, diz.
Outro ponto que o analista apontou, foi o cenário atual de rentabilidade do produtor, no qual se encontra mais apertado, com as taxas de juros ainda altas e perspectiva baixista de preços internacionais de grãos. “A necessidade de estímulos para regularizar compromissos financeiros é cada vez maior”, explica Pimenta.
“Ainda assim, apesar do aumento, vemos que a maior parte do agro brasileiro tem conseguido superar barreiras e se manter produtiva sem arriscar sua reputação de crédito no mercado”, finaliza.
Mato Grosso e Goiás lideram pedidos de recuperação judicial
Com o estudo, o Serasa Experian identificou Mato Grosso e Goiás como as Unidades Federativas (UFs) com os maiores registros de pedidos de recuperação judicial para pessoas físicas do agronegócio.
Outros estados, como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rondônia, também tiveram requisições. Confira o gráfico: