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Valor devido pelo clube catarinense pode ultrapassar R$ 100 milhões

 

A diretoria da Chapeconse, de Santa Catarina, informou, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (4), que o pedido de recuperação jucial do clube foi aceito.

“Nós pretendemos, dentro dos próximos 60 dias, apresentar um plano de pagamento e começar a discussão com os credores e até o final do ano a gente imagina estar com essa situação resolvida (…). A Chapecoense exauriu tudo que podia fazer pra tentar acomodar esse passivo, mas chegou em um momento em que ou a gente iria por esse caminho ou as consequências seriam muito mais graves”, pontuou a diretoria.

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), o pedido foi protocolado no dia 24 de janeiro, e o deferimento aconteceu nesta quinta-feira (3) na 1ª Vara Cível da comarca de Chapecó.

De acordo com a assessoria do time, o objetivo da ação é “assegurar a continuidade do clube, jurídica e financeiramente”.

O clube sofre com diversas ações cíveis e trabalhistas na justiça, com pedidos de bloqueio judicial e pagamentos, correndo risco até de ter a renda do sócio torcedor bloqueada, segundo informado na coletiva.

“O total da dívida listado no processo de recuperação, em números grandes, arredondados, é R$ 80 milhões; óbvio que essa dívida é maior, isso esta anulado o passivo tributário, e mais ações que não foram liquidadas. A dívida está listada como ação mas não sabemos o valor nem estimar, podemos estar falando de 120, 150, 180 milhões, sem exagero”, informou o advogado do clube.

Ainda de acordo com o TJSC, há mais de 800 credores listados.

Assim, a Chapecoense também não está realizando os pagamentos de indenizações às famílias das vítimas do acidente aéreo de 2016. O último repasse foi feito em janeiro deste ano, mas a nova diretoria, que assumiu em dezembro de 2021, fará um levantamento nas próximas semanas se em algum outro período houve suspensão deste pagamento. O estudo também revelará o valor total desta dívida.

Segundo informado à CNN, o valor gasto mensalmente com as indenizações está em torno de R$ 480 mil mensais.

“Não pagar as familias era uma realidade, isso já iria acontecer independente do processo de recuperação, não ia se pagar pelo motivo de não ter o dinheiro. Por mais doloroso que seja pra todos nós, as famílias vão ter que sentar conosco e vamos ter que chegar num denominador comum”.

Também foi informado que em 180 dias será feita um assembleia com os credores para deliberarem a forma de pagamento e pactuação das dívidas.

A ordem de pagamento prioriza os créditos trabalhistas até 150 salários mínimos ou de acidentes de trabalho; os créditos garantidos por direitos reais, como imóveis; os créditos tributários, como impostos; e, por fim, demais credores.

O TJSC também informou que a decisão judicial “garante que, pelos próximos 180 dias, fiquem suspensas as execuções ajuizadas contra o time e proibida qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor”.

O clube catarinense vai disputar a série B em 2022 após ser rebaixado com uma das piores campanhas da história do campeonato brasileiro em 2021. Isso também afeta a entrada de dinheiro no caixa do time.

Sobre o processo de transformação do clube em uma SAF – espécie de empresa – foi dito que ele continua, mas, antes, é necessário fazer a equalização das dívidas.