Proposta será votada em assembleia, marcada para 25 de novembro. Objetivo da instituição é usar o dinheiro para ajudar no pagamento de credores
A Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) está encaminhando a venda de suas operações no Rio Grande do Sul. A proposta será votada em assembleia dos credores da instituição marcada para 25 de novembro. A Ulbra está em recuperação judicial desde dezembro de 2019.
O advogado Thomas Dulac Müller, que representa a instituição na ação judicial, pretende concluir até a próxima semana o chamado modificativo do plano. Nele, deve constar a proposta de venda das operações dos campi de Canoas, Guaíba, Carazinho, Santa Maria, Cachoeira do Sul, Torres e São Jerônimo, incluindo o Ensino a Distância (EAD). A Ulbra ainda ficaria com a operação do norte do país (Manaus, Santarém, Palmas e Itumbiara) e das escolas de educação básica espalhadas pelo Brasil. A ideia inicial era vender as unidades do Norte, mas entendeu-se que as do Sul teriam maior arrecadação.
A pandemia fez com que o processo de recuperação judicial passasse a tramitar de forma mais lenta e até fosse interrompido. Havia dúvida, inclusive, se haveria redução de alunos e maior inadimplência, o que, segundo Thomas Dulac Müller, não se confirmou.
— Nós fomos atropelados pela pandemia e isso arrefeceu todo o processo de recuperação. Não sabíamos se estaríamos vivos em termos empresariais um ano depois. Mas felizmente teve pouca perda de alunos e de mensalidades — conta o advogado.
Em assembleias recentes de credores, ficou acertado que haveria a necessidade de alienação das unidades do sul do país.
— Estamos confeccionando um plano modificativo que vai contemplar, em síntese, as unidades do Sul para manutenção das vagas (alunos), dos empregos e o pagamento dos credores — explica o advogado.
Além das operações, o objetivo será vender imóveis da instituição na Região Sul. Ficarão de fora da venda neste primeiro momento as 14 escolas de educação básica, localizadas no RS e no norte do país.
O passivo da Ulbra atualmente chega a R$ 8,6 bilhões, sendo R$ 3,6 bilhões com bancos, fundos de pensão e dívidas trabalhistas. Outros R$ 5 bilhões são em impostos, sendo que 70% desse valor é referente a juros e multas. A estimativa é conseguir pagar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão aos credores.
— Daria alguma coisa entre 15% a 19% de recovering, o que num processo de recuperação judicial é bastante interessante — ressalta Müller, ao relatar que geralmente numa ação desse tipo se recupera de 2% a 3% do passivo.
O advogado esclarece que a venda das unidades inclui os empregos e os alunos matriculados. Se aprovada a modificação no plano de recuperação judicial na assembleia de credores do dia 25 de novembro, a proposta será encaminhada ao juiz responsável pelo processo na Justiça.
— Se tudo der certo, o próximo semestre já se inicia com a operação sob novo controle — projeta Müller.